segunda-feira, dezembro 11, 2006

A destruição do "eu"

Todos nós temos um magnífico tesouro, chamado individualidade. Cada indivíduo é um universo ímpar, repleto de emoções, sensações, medos, virtudes e defeitos. É essa individualidade que define como nos relacionamos com o mundo exterior, seja com outras pessoas, com fatos de nossas vidas. E através dela é que podemos traçar metas e lutar para atingi-las.

Porém, desde que nascemos, somos submetidos a forças que tentam anular a nossa individualidade. Começando pelos nossos pais, que tentam nos moldar à imagem e semelhança deles mesmos. Depois vem a escola, que nos tolhe a criatividade e faz com que os alunos estudem somente para passar de ano e não para adquirir conhecimento. A sociedade também contribui para a anulação do indivíduo ao criar uma imagem distorcida do “homem de bem”, que neste caso, é tão somente aquele que segue as convenções sociais sem questionar a utilidade delas e todo aquele que não segue às suas normas é tratado com desprezo.

O pensamento esquerdista também tenta massacrar o indivíduo ao tentar torná-lo um mero agente coletivo, a serviço da luta de classes. Seus seguidores querem incutir sentimentos de culpa nas camadas mais favorecidas, por estas terem recursos e os mais pobres não, como se a economia fosse um jogo de soma zero, onde, se existe alguém pobre é porque existe alguém rico.

Por fim, a religião contribui para o aniquilamento do indivíduo, ao imbuir idéias de pecado e castigo divino. Além disso, as religiões costumam transmitir a idéia de que temos que ser abnegados, que o outro é mais importante que nós, que devemos nos sacrificar em favor do próximo. Parece até que virou pecado dizer “eu”. Não estou falando aqui para a gente fechar os olhos diante dos problemas alheios, nós podemos (e devemos) ser solidários na medida do possível, mas isto não significa, necessariamente, que temos que abandonar nossos projetos pessoais para favorecer ao outro.

Toda caridade é nobre, desde que tenhamos os nossos corações um sentimento profundo de ajudar ao próximo. Se você for impelido a ajudar ao próximo apenas por pressão de correntes religiosas ou filosóficas, ou apenas para se sentir com a consciência tranqüila, saiba que isto não é caridade, e sim, servidão. Não podemos dar aquilo que não temos. Missionários como Gandhi, Madre Teresa, Chico Xavier, ou mesmo Jesus, já tinham conquistado tudo em matéria de realização pessoal e com a sabedoria que tinham, poderiam se entregar de corpo e alma na tarefa de auxiliar os mais necessitados. A maioria de nós, ainda tem muito a aprender e muitas coisas a conquistar. Somente podemos exercer todas nossas potencialidades se tivermos a plena consciência de nossa individualidade, ou seja, saber quais são nossos pontos fortes e pontos fracos, e neutralizar as forças que tentam nos anular. E ao exercer nosso potencial por conseqüência, conseguimos oferecer ao próximo o que temos de melhor.

domingo, dezembro 10, 2006

Pobre América Latina!

Hoje vou falar sobre nosso continente, que infelizmente, está a caminho de se tornar tão irrelevante no cenário mundial quanto a África, por causa do baixo crescimento econômico, e principalmente por causa da adoção, de práticas político-econômicas já abandonadas em outras partes do mundo.
No começo da década de 90, países como Argentina, Brasil e México começaram a fazer reformas a fim de debelar inflações galopantes e permitir que estas nações ingressassem no mundo globalizado. Porém, tais reformas foram tímidas e não foram suficientes para permitir uma melhoria no padrão de vida dos seus habitantes, o que gerou um descontentamento, principalmente da camada mais pobre da população. Este cenário permitiu o aparecimento e a ascensão ao poder de políticos que se apresentaram como salvadores da pátria, prometendo acabar com as desigualdades sociais, combater o monstro do neoliberalismo e liberar o continente das garras do imperialismo ianque. Naturalmente, um discurso demagógico, que reforça um velho hábito dos latino-americanos de culparem os países ricos pelas suas mazelas.
O problema é que o discurso nacionalista-estatizante de políticos como Evo Morales, Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Néstor Kirchner já foi abandonado no resto do mundo. Os países que apresentam as maiores taxas de crescimento são aqueles que fizeram reformas liberais que aliviaram o peso do Estado sobre suas populações, tais como reforma previdenciária, flexibilização de leis trabalhistas redução de gastos públicos e principalmente a privatização de empresas estatais. Tudo que a militância esquerdista não quer nem ouvir falar.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales luta para reestatizar as riquezas minerais, algo que já foi feito nesse país por duas vezes, mas desfeito, por não ter atingido os efeitos desejados. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez, em vez de aproveitar o alto preço do petróleo para diversificar a economia daquele país e reduzir a sua dependência do chamado “ouro negro”, financia programas assistencialistas, apóia candidaturas esquerdistas no continente e repete velhos chavões contra o imperialismo norte-americano (naturalmente, só no discurso mesmo, pois os EUA são os maiores compradores do petróleo venezuelano). No Brasil, durante a campanha eleitoral, bastou Lula dizer que o candidato opositor Geraldo Alckmin iria privatizar a Petrossauro (perdão, Petrobrás!) a Caixa Econômica Federal e os Correios para que uma parcela significativa de votos do opositor migrasse para o candidato presidente. Alckmin foi covarde e não argumentou que a privatização de tais empresas só traria benefícios à população, tal como ocorreu com as privatizações feitas no governo FHC. Resultado, o tucano conseguiu a proeza de terminar o segundo turno das eleições com 2 milhões de votos a menos do que obteve no primeiro turno, com sete candidatos! Na Argentina, o governo de Néstor Kirchner está fabricando um crescimento econômico irresponsável, com aumento de gastos públicos e inflação. Já houve até congelamento de preços e campanhas para boicotar empresas e setores econômicos que aumentaram preços, reavivendo os tempos de Sarney aqui no Brasil.
Houve uma época em que a América Latina era o quintal dos Estados Unidos, e qualquer governante que se aventurasse a dar uma guinada à esquerda, era deposto com a participação direta ou indireta dos ianques. Hoje, eles não estão nem aí para gente. A turma de Morales, Chávez, Lula, Kirchner pode fazer e falar o que quiser, que os norte-americanos não darão a mínima. Os nossos brothers estão preocupados com inimigos mais ameaçadores, como o Irã, a Coréia do Norte e os fanáticos muçulmanos.
Tudo isto mostra que os latino-americanos não foram capazes de aprender com os próprios erros. Pode-se dizer que “errar é humano e persistir no erro é latino-americano”. Como as praticadas adotadas por estes governantes estão fadadas ao fracasso, só vai restar colocar a culpa nos bodes expiatórios de sempre: os EUA, as “zelites”, o FMI, o neoliberalismo. Pobre América Latina, até quando vamos continuar neste atraso?