domingo, dezembro 10, 2006

Pobre América Latina!

Hoje vou falar sobre nosso continente, que infelizmente, está a caminho de se tornar tão irrelevante no cenário mundial quanto a África, por causa do baixo crescimento econômico, e principalmente por causa da adoção, de práticas político-econômicas já abandonadas em outras partes do mundo.
No começo da década de 90, países como Argentina, Brasil e México começaram a fazer reformas a fim de debelar inflações galopantes e permitir que estas nações ingressassem no mundo globalizado. Porém, tais reformas foram tímidas e não foram suficientes para permitir uma melhoria no padrão de vida dos seus habitantes, o que gerou um descontentamento, principalmente da camada mais pobre da população. Este cenário permitiu o aparecimento e a ascensão ao poder de políticos que se apresentaram como salvadores da pátria, prometendo acabar com as desigualdades sociais, combater o monstro do neoliberalismo e liberar o continente das garras do imperialismo ianque. Naturalmente, um discurso demagógico, que reforça um velho hábito dos latino-americanos de culparem os países ricos pelas suas mazelas.
O problema é que o discurso nacionalista-estatizante de políticos como Evo Morales, Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Néstor Kirchner já foi abandonado no resto do mundo. Os países que apresentam as maiores taxas de crescimento são aqueles que fizeram reformas liberais que aliviaram o peso do Estado sobre suas populações, tais como reforma previdenciária, flexibilização de leis trabalhistas redução de gastos públicos e principalmente a privatização de empresas estatais. Tudo que a militância esquerdista não quer nem ouvir falar.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales luta para reestatizar as riquezas minerais, algo que já foi feito nesse país por duas vezes, mas desfeito, por não ter atingido os efeitos desejados. Na Venezuela, o presidente Hugo Chávez, em vez de aproveitar o alto preço do petróleo para diversificar a economia daquele país e reduzir a sua dependência do chamado “ouro negro”, financia programas assistencialistas, apóia candidaturas esquerdistas no continente e repete velhos chavões contra o imperialismo norte-americano (naturalmente, só no discurso mesmo, pois os EUA são os maiores compradores do petróleo venezuelano). No Brasil, durante a campanha eleitoral, bastou Lula dizer que o candidato opositor Geraldo Alckmin iria privatizar a Petrossauro (perdão, Petrobrás!) a Caixa Econômica Federal e os Correios para que uma parcela significativa de votos do opositor migrasse para o candidato presidente. Alckmin foi covarde e não argumentou que a privatização de tais empresas só traria benefícios à população, tal como ocorreu com as privatizações feitas no governo FHC. Resultado, o tucano conseguiu a proeza de terminar o segundo turno das eleições com 2 milhões de votos a menos do que obteve no primeiro turno, com sete candidatos! Na Argentina, o governo de Néstor Kirchner está fabricando um crescimento econômico irresponsável, com aumento de gastos públicos e inflação. Já houve até congelamento de preços e campanhas para boicotar empresas e setores econômicos que aumentaram preços, reavivendo os tempos de Sarney aqui no Brasil.
Houve uma época em que a América Latina era o quintal dos Estados Unidos, e qualquer governante que se aventurasse a dar uma guinada à esquerda, era deposto com a participação direta ou indireta dos ianques. Hoje, eles não estão nem aí para gente. A turma de Morales, Chávez, Lula, Kirchner pode fazer e falar o que quiser, que os norte-americanos não darão a mínima. Os nossos brothers estão preocupados com inimigos mais ameaçadores, como o Irã, a Coréia do Norte e os fanáticos muçulmanos.
Tudo isto mostra que os latino-americanos não foram capazes de aprender com os próprios erros. Pode-se dizer que “errar é humano e persistir no erro é latino-americano”. Como as praticadas adotadas por estes governantes estão fadadas ao fracasso, só vai restar colocar a culpa nos bodes expiatórios de sempre: os EUA, as “zelites”, o FMI, o neoliberalismo. Pobre América Latina, até quando vamos continuar neste atraso?

Um comentário:

Reyder disse...

Embora eu me considere um esquerdista liberal, tenho de concordar contigo que o ideário puro de esquerda mostrou-se ineficiente para a América Latina e que temos de ter cuidado com os rumos que tomamos... Os EUA não são exemplo em 100% mas temos de tomar como idéias e exemplos aquilo que cada país tem de melhor, sejam os EUA, Europa, Oriente...