terça-feira, junho 13, 2006

Ninguém é de ninguém

Nessa semana dos Dia dos Namorados, resolvi escrever sobre o assunto. Observando muitos casais, pude concluir que infelizmente, o que chamamos de amor é, na maioria das vezes, um sentimento egoísta de posse. Nossos parceiros se transformam em objetos com a finalidade de satisfazer nossos desejos, nossas vontades e nossas expectativas.
Nós ainda imaginamos que nossa vida somente será completa quando tivermos alguém do nosso lado que nos ame e nos compreenda e que preencha nosso vazio existencial. Quando julgamos encontrar esta pessoa, nós colocamos sobre ela a obrigação de nos fazer felizes e nos completar. Criamos falsas expectativas, parece que enxergamos o outro com lentes esféricas que distorcem nossa visão e nos impede de ver o companheiro ou a companheira.
Durante a fase inicial da paixão inebriante fazemos inúmeros planos, de casamento, de felicidade eterna, fazemos de tudo para agradar nosso companheiro, e também tomamos muitas decisões precipitadas. Só que o fogo da paixão um dia acaba, daí descobrimos que o príncipe encantado virou sapo e a alma gêmea se transformou em algema. "O que deu errado?" "Porque ele(a) mudou tanto desse jeito? O que eu fiz?", estas e outras perguntas que ficam martelando nossa cabeça quando algo não dá certo em nossas relações amorosas.
O problema é que nos esquecemos que ao nosso lado se encontra um ser humano, com sonhos e vontades , tal como nós e dotada de livre arbítrio, como nós. E por mais que tentemos controlar e anular a pessoa amada, nunca saberemos o que se passa em sua cabeça e nunca conseguiremos controlar o seu íntimo. Portanto, ninguém é de ninguém. Se tivéssemos a consciência disto muitos assassinatos e suicídios seriam evitados.
Então como ter um relacionamento mais agradável e menos conflituoso? Primeiro: lembre-se que tanto você como ele são seres autônomos e independentes. Por isso mesmo, o sucesso de um enlace amoroso não depende só de você. Não viva só para agradar o parceiro, nem exija o mesmo dele, e esqueça essa bobagem de que num relacionamento duas pessoas se transformam em uma. Segundo: esqueça esta história de "se casarem e viverem felizes para sempre". Isto só existe em contos-de-fada. Toda convivência, inevitavelmente gera atritos, por outro lado é uma valiosa oportunidade para aprendemos a negociar, a ceder, a escutar o(a) compannheiro(a). É preciso uma certa dose de camaradagem: às vezes é necessário fingir que não ouviu, fazer de conta que não viu, para que o relacionamento não se desgaste com pequenos desentendimentos. Terceiro: tente compreender seu(sua) parceiro(a). Se coloque no lugar dele(a), e entenda que, como você, ele(a) tem defeitos e limitações. Se ele(a) lhe trair ou lhe abandonar, o problema é dele, não seu. Lembre-se que ele(a) tem livre arbítrio como você. Por fim, se o relacionamento for rompido, não encare isto como se fosse o fim do mundo. A vida continua e você vai encontrar outros amores. Uma vez escutei uma frase bastante sábia, que diz "A compreensão é mais importante que o conhecimento" e isto se aplica muito bem aos relacionamentos.

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