sábado, junho 16, 2007

O brasileiro e a liberdade de opinião

Recentemente houve dois episódios que mostra o quanto estamos longe de ser uma nação democrática com livre expressão de idéias e opiniões.

O primeiro é de uma ação na justiça entrada pelo fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, conhecido também como o “pedágio do céu”. Devido a esta ação, a Google Brasil foi condenada a retirar do ar tais comunidades e ainda por cima a fornecer a identificação dos internautas que xingaram o bispo, a fim de poder serem processados individualmente. Pelo jeito, segundo nossos brilhantes juízes, só poderemos manifestar opiniões a favor! Fico pensando se cada pessoa pública resolvesse entar com uma ação na justiça por causa de críticas recebidas no Orkut. Nossa justiça, que já é terrivelmente lenta, ficaria emperrada por tempo. Quanto aos ofendidinhos, tenho uma receita infalível para não receber críticas: desapareçam dos holofotes e se isolem no meio da floresta Amazônica, ou de qualquer outro lugar isolado. Desse jeito vocês voltam para o anonimato, mas também não recebem mais críticas, não é maravilhoso?

O segundo episódio a ser comentado é a respeito de um bem-humorado comercial de um modelo de carro da Peugeot que mostra um casal se esforçando para vencer uma ladeira íngreme a bordo de um automóvel pouco possante. Como o desgraçado do veiculo teimava em não subir, o jeito foi se livrar de todos os pertences do casal a fim de aliviar o seu peso. E foram embora, livros, violão, bolsa, frutas, e no final o motorista cogita em defenestrar a própria sogra! Pois dá para acreditar que o comercial foi alvo de reclamações de telespectadores e sua veiculação foi suspensa pelo CONAR? Quando é sabido que a figura da sogra é uma verdadeira instituição nacional, presença marcante no anedotário brasileiro! O que me leva a concluir duas coisas, que primeiro, o brasileiro não tem mais senso de humor, e segundo, que este não tem tradição democrática. Brasileiro, só defende liberdade de expressão, quando seu conteúdo lhe agrada! Não se poderia, simplesmente, desligar a TV, ou mudar de canal quando passar algo que não lhe agrada. Por que cercear o direito de outrem expressar suas idéias, só por que não gostamos daquilo que ele diz?

Temo estar entrando novamente no obscurantismo medieval. Do jeito que a coisa anda, não podemos duvidar de que isto pode acontecer!

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